Como lidar com perguntas bizarras numa entrevista de emprego?
Numa entrevista me perguntaram: se eu fosse um remédio ou uma fruta, qual seria? Fiquei perdida sem saber o que responder em relação à fruta, pois nunca havia pensado sobre isso. Mas sobre os remédios, simplesmente falei que era a favor da medicina da saúde e não da doença. A recrutadora, se limitou a um simples 'ok' e encerrou aí essa questão. Mas esse questionamento me fez pensar: eu respondi bem ou mal? Outro ponto: como lidar com essas perguntas bizarras numa entrevista de emprego. Obrigada.
Resposta:
Atuei em Seleção ao longo de muitos anos da minha carreira e confesso aqui para você: detesto esse tipo de pergunta.
Penso que a seleção deve ser não apenas humanizada, mas, inteligente e, no meu humilde ponto de vista, não compreendemos mais da trajetória e personalidade de um candidato fazendo perguntas bizarras, tanto quanto aprendemos sobre ele questionando de maneira direta e respeitosa aquilo que precisamos saber sobre a pessoa que está diante de nós.
Sei que existe uma tal “lógica” por detrás desse tipo de pergunta, mas, será que ela é maior do que a pergunta aberta ou ainda fechada, mas, que pede do candidato, assertivamente, aquilo que precisamos saber?
Ultimamente ter opinião virou crime, então, respeito quem pensa contra e não estou aqui para discutir por isso, mas, minha longa experiência, além da ética, não me permitem colocar o candidato nessa situação.
Como profissional independente, é por isso que faço seleção, atualmente, apenas para algumas empresas que já são meus clientes, que conhecem o meu trabalho, sabem que vou opinar e respeitam isso e, mais ainda, que eu conheço e sei que praticam os valores que “vendem” para os candidatos.
Sinceramente? Lamento te desapontar, mas, nesse caso, não faço a mínima ideia se foi uma boa resposta. E sabe por qual motivo? Simplesmente por que não foi uma boa pergunta.
O que a pessoa queria ouvir? A sua essência? Penso que se você estava numa indústria farmacêutica, talvez a melhor resposta realmente fosse mencionar uma marca da empresa, risos, pois, dentro da farma dizer que não gosta de remédios pode ser furada, mas, só assim encontro lógica nessa pergunta. Ou num hortifrúti não saber qual fruta gostaria de ser!
Desabafos à parte e te ajudando que é o objetivo da coluna, você me pergunta sobre como responder perguntas bizarras. Bom, o que penso é que você respondeu muito bem, pois, colocou lógica em algo sem lógica, emitindo a sua opinião sobre saúde X mercado da doença.
O que quero dizer é que você foi você mesma ali, fornecendo ao Recrutador um valor seu, a sua maneira de pensar e, no fim das contas, deveria ser assim, compreender o que o candidato traz em sua personalidade. Porém, por outro lado, por si só isso não deve ser motivo para eu contratar ou não alguém... afinal, um mundo plural pede divergência de opiniões e respeito a elas.
Já me fizeram uma pergunta dessas e eu respondi: “eu não entendi o objetivo da pergunta, mas, sobre ser um animal dentre os que me propôs, eu preferia ser um cavalo ... e bla bla bla, falei um pouco da minha personalidade. No fim das contas, tudo o que escolhermos, fazemos e falamos estará carregado da nossa essência e não tem como fugir disso, até por que outras perguntas foram feitas e a partir delas o Recrutador (assim espero) poderá lhe conhecer melhor e entender se a sua carreira e valores têm a ver com o que a empresa busca, com o que o gestor da área precisa, com a equipe que já atua na organização.
Talvez aí na sua casa, ao ler minha resposta, você possa começar a pensar em várias respostas, risos, se fosse uma fruta, um animal, um objeto e já ter uma resposta pronta, para não ter problema na hora... sim, bizarra essa dica, mas, não menos absurda do que esse tipo de pergunta.
Então, acredito que para responder a essas perguntas absurdas, o melhor é ser você mesma, original, com seu jeito de ser, preocupando-se em falar de suas características pessoais, do que pensa e de quem é.
E se trabalhar nessa empresa for tão bizarro quanto esse tipo de pergunta, melhor você ter se livrado dela, não é mesmo?
Sucesso!
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Luciane Vecchio
Psicóloga Clínica | Consultora | Mentora | Colunista | Especialista em Desenvolvimento Humano, RH, Empreendedorismo, Carreira e Liderança | Atendimento a Executivos | Revisão de CV e Perfil Campeão LinkedIn
CRP: 06/74914