E-mail enviado por uma leitora:
“Eu entendo a intuição como aquela sabedoria que vem de dentro, ouvir a voz interior... Ou seja, bem mais distante da voz do ego, que quer controlar, reter... que é só razão. Na intuição agimos com mais leveza e nossas atitudes em geral são seguidas por sentimentos que estão mais em sintonia com o nosso modo de ser. Então, hoje com a modalidade home-office que proporciona mais liberdade na hora de executar as tarefas, gostaria de saber se podemos utilizar a intuição na tomada de certas decisões? Obrigada.”
Devemos ouvir a nossa intuição antes de tomar decisões?
Que pergunta excelente! Agradeço!
A verdade é que, infelizmente, no mundo ocidental, “ouvir a intuição” acaba sendo confundido com algo exageradamente místico e distante do pensamento mais analítico. Dessa maneira, a intuição acaba sendo vista como pouco confiável e até mesmo desprezível.
Porém, muitas pessoas citam relatos de quando usam a sua intuição, isso as ajuda na tomada de decisão no dia a dia. Inclusive, por incrível que pareça, CEOs renomados a usam para tomar determinadas ações.
Quando questionados, muitas vezes não sabem dizer exatamente por quais motivos se decidiram por um caminho ao invés de outro, mas, confessam que “algo dentre deles” dizia para tomarem determinada atitude.
É lícito dar atenção à nossa intuição?
A intuição é objeto de uma série de pesquisas científicas, afinal, ela desperta bastante interesse e desejo de desvendar o que está por detrás dela...
O que se percebe pela fala de quem é mais sintonizado às emoções e dado ao autoconhecimento, é um arrependimento normalmente advindo do fato de não se ter dado atenção à essa “voz interior”.
Sabe aquela frase famosa: “eu sabia que devia ter ouvido a minha intuição?” Pois é, ela é bastante comum.
Na verdade, ao darmos mais espaço para essa função menos racional, acabamos sendo levados para longe das dúvidas e incredulidades, pois, a intuição traz algumas certezas à primeira vista inexplicáveis.
Independentemente de onde estivermos podemos parar por alguns segundos e nos sintonizarmos com a nossa intuição, afinal, ela é uma função do espírito humano. É um impulso dentro do coração, chegando a ser uma voz percebida audivelmente.
A intuição é resultado de processos cerebrais
As emoções parecem respostas primitivas e nós aprendemos a ignorá-las e até mesmo corrigi-las, mas, de alguma maneira, elas são avaliações geradas por meio de processos mentais, ou seja, de processamentos que ocorrem no cérebro.
Até o momento ninguém conseguiu inventar uma máquina tão fantástica quando o ser humano e, de certa maneira, a intuição é o resultado de previsões que nossa mente faz dentre inúmeras possibilidades de ação.
Temos um banco de dados recheado de informações em nossa mente, então, em certa medida, a intuição pode ser racional no momento em que o cérebro usa a inteligência preditiva para a tomada de decisões.
Vale confiar 100% na intuição?
Claro que devemos ter cautela e não sair simplesmente dizendo ou fazendo coisas, pois “nossa intuição falou mais alto”, mas, calar essa voz sábia também não é o caminho mais indicado.
Por outro lado, a verdade é que ser racional, pensar, usar a lógica para tomar decisões, é um bom caminho, que até pode diminuir o erro, mas, pesquisas apontam que pensar demais também pode prejudicar a tomada de decisão, a criatividade e a espontaneidade, aquelas respostas que sabemos que devemos dar, mesmo sem entender direito de onde elas vêm...
Dessa forma, se você consegue enxergar que a sua intuição te ajuda no dia a dia, por que não se aproveitar do conhecimento que ela traz e se deixar, pelo menos em alguns momentos, levar por ela? Não a repreenda, antes, a utilize como sua aliada.
Eu confesso, tenho uma intuição fortíssima. Quando não escuto minha voz interior, sempre me arrependo, então faço questão de dar atenção a ela.
Um abraço!
_______________
Luciane Vecchio
Psicóloga Clínica | Dra. Carreira e Propósito - Instagram @dravecchio | Especialista em Carreira, RH, Liderança e Empreendedorismo | Colunista de Carreira & Comportamento | CRP: 06/74914