“Fui CLT a vida inteira, mas ultimamente só consigo jobs via CNPJ. O emprego como conhecíamos, aliado a essa cultura do home office, vai mesmo acabar?”
Tudo vai mudar, vai mudar muito e vai mudar rapidamente!
Sinceramente?
Apesar da minha bola de cristal estar parada na alfândega, risos, posso arriscar com quase 100% de certeza de que, sim, vai mudar, vai mudar muito e vai mudar rapidamente.
E mais, está mudando já em alguns outros países.
A questão principal é que o brasileiro aprendeu a ser CLT, com seus direitos trabalhistas, uma cartilha de coisas que colocaram na cabeça de todos nós e pior, aprenderam a ter preconceito com o modelo PJ.
Tanto que, profissionais que precisaram fechar as suas empresas devido à crise recentemente provocada pelo Covid 19, estão tendo dificuldade em voltar ao mercado formal, pois, as empresas também tem preconceito em relação aos empreendedores, como se as experiências adquiridas no comando de uma empresa não fossem inúmeras. O que é dúbio, pois, essas mesmas empresas já estão contratando profissionais PJ.
Quando falo de PJ e empreendedor, entendo as diferenças que existem entre eles, mas, coloco no mesmo cesto, pois, acredito fortemente que todo PJ deverá ser um empreendedor da sua carreira e do seu negócio, aprendendo a “administrar seu PJ” como uma grande empresa faria.
O empreendedor é aquele cara que, além de desenvolver todas as competências técnicas da sua área, desenvolve também outras, necessárias para levar adiante as atividades dos demais setores (afinal, ele tem que conhecer muito não apenas da sua área especifica, mas, do negócio como um todo), ou seja, ele aprimora e desenvolve igualmente inúmeras competências comportamentais que, de outra forma, como CLT, dificilmente faria.
Home office também já foi tabu
Vale lembrar que para muitas empresas o home office era assunto tabu, proibido, ficar “em casa” um dia da semana era visto como um grande benefício concedido a poucos.
Com a pandemia, o que aconteceu? As empresas foram obrigadas a aceitar esse modelo e, para meu espanto, muitas já estão contra a ideia novamente, querendo que 100% do quadro esteja presencialmente na empresa. Uma vez que o colaborador já mudou a sua vida toda, dos filhos, a rotina, enfim, não sei se é a melhor estratégia de retenção de talentos...
Pensando que cada empresário é livre para fazer como preferir, afinal, tratam-se de empresas particulares, cabe a mim apenas lamentar, mas, não julgar.
Respondendo especificamente à pergunta que me fez, sim, o futuro certamente será daquele profissional que se adaptar mais rapidamente ao modelo PJ e muitos deles, assim como já acontece “lá fora”, trabalharão para mais de uma empresa, simultaneamente, tendo liberdade de atuação, horários, escopo e escolha de projetos. É, a liberdade pode assustar quem não está acostumado com ela.
Infelizmente, as empresas ainda não entenderem que o PJ não é um CLT e se não tem os mesmos direitos, também não deve ter os mesmos deveres. Porém, não temos visto isso, algumas empresas querem que o profissional “bata cartão” e seja 100% dedicado apenas ao negócio dessa organização, somente fora da sua folha formal de pagamento.
Cabe então, ao profissional PJ, da mesma maneira que faria a análise de uma oportunidade CLT, verificar as vantagens e desvantagens não apenas do modelo PJ, mas, de atuar em determinada empresa em detrimento de outra.
As coisas já estão mudando, será que estamos percebendo?
Atuo com orientação vocacional e consultoria de carreira há mais de 15 anos e posso garantir, a mentalidade dos jovens empregados e empreendedores é bem diferente da forma de encarar o mercado de trabalho do passado.
Apoio uma instituição religiosa em que quase 100% dos jovens de determinado grupo (mais de 1000 pessoas) são empreendedores e nem querem pensar em ser CLT – alguns não querem nem mesmo cursar uma graduação. Praticamente 100% também fatura muito mais do que um CLT com mais idade... é espantoso e motivador!
Como dica, deixo a seguinte mensagem: se prepare agora para estar antenado num futuro breve às mudanças que ocorrerão e sair à frente. Não tenha medo de desenvolver novas competências e mudar a sua mentalidade.
Sucesso!
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Luciane Vecchio
Psicóloga Clínica | Dra. Carreira e Propósito - Instagram @dravecchio | Especialista em Carreira, RH, Liderança e Empreendedorismo | Colunista de Carreira & Comportamento | CRP: 06/74914