Preciso mesmo fazer uma pós-graduação?
“Entendo que minha graduação em Administração de Empresas aliada à prática, é muito mais importante do que qualquer conhecimento acadêmico. Ainda mais para mim que atuo na área de vendas e representação comercial. Mas o mundo vem mudando muito, percebo todo mundo ansioso por buscar informação. Por isso esta minha dúvida.”
Resposta: Vou sempre ser uma defensora do estudo, do conhecimento. Tenho até uma frase que inventei que quem me conhece sabe que eu repito: “Aprender nunca é demais e não ocupa espaço”. Porém, no dia a dia, quando se trata de carreira, temos sim que pensar em otimizar tempo e até mesmo gastos.
Você atua com vendas, não sei exatamente se de um produto ou serviço, mas, independentemente do segmento em que atuamos, tudo o que estiver relacionado ao autoconhecimento, principalmente nesse momento de grandes mudanças em que vivemos, deverá ser foco de estudos e poderá te ajudar muito.
Até mesmo por que, algumas competências comportamentais são uteis em qualquer área e profissão e podem ser usadas para que cresçamos como indivíduo e na carreira.
Essas soft skills, como são chamadas, são aquelas competências emocionais, mentais e até mesmo sociais que podemos aprimorar e que nos apoiam na melhoria dos relacionamentos e da compreensão de nós mesmos.
Cito algumas dessas habilidades:
-
Comunicação;
-
Sociabilidade;
-
Empatia;
-
Capacidade de trabalhar e produzir bem em equipe;
-
Inovação;
-
Negociação;
-
Criatividade;
-
Visão estratégica e sistêmica;
-
Desenvolvimento de pessoas;
-
Adaptabilidade;
-
Resiliência;
-
Inteligência emocional;
-
Gestão de conflitos.
Essas são apenas algumas competências que podemos desenvolver com um trabalho de coaching, por exemplo e que no dia a dia são essenciais para manter a empregabilidade. Desenvolvê-las, portanto, vai trazer a possibilidade de você expandir seus saberes e possibilidades reais de ascensão.
Conhecimentos acadêmicos ainda têm valor?
Por outro lado, os conhecimentos acadêmicos têm sim o seu valor e, além disso, a possibilidade de estar com outras pessoas, fazer networking, ter acesso a materiais de estudo e conhecer professores que tiveram experiências práticas muito ricas em seus segmentos, não pode ser desperdiçado. Durante um tempo só se falava em fazer MBA e o quanto isso era valorizado. De repente, fomos para o lado oposto, rechaçando o estudo técnico. Penso que podemos achar um meio termo.
Veja o exemplo de uma pessoa que trabalha no ramo químico/plástico. Essa pessoa (e eu tenho clientes desse setor) tem que entender mais profundamente diferentes aplicações da matéria-prima que dá cor ao plástico, por exemplo, tendo, portanto, que conhecer também diferentes segmentos e estudar até mesmo química. Então, não podemos dizer que apenas o autoconhecimento trará sucesso.
Pessoas que comercializam softwares de TI, que os customizam para empresas (e também tenho clientes nesse segmento) acabam precisando entender não apenas e mais profundamente sobre técnicas de venda, mas também adquirir conhecimento no ramo daquele cliente, em suas necessidades. E para isso, o estudo (incluindo o téorico) pode fazer a diferença.
Competências como gestão de negócios, gestão de projetos, inovação e até mesmo aquele óbvio estudo de idiomas também são essenciais em diversas profissões hoje em dia e há renomadas instituições que trazem a pratica à sala de aula.
Em que investir então?
Sendo assim, o segredo é buscar no seu ramo, área e profissão o que vem sendo pedido em termos técnicos e investir nesse estudo, ainda que ele não seja exatamente de longa duração. Podem ser feitos cursos mais curtos que tragam algumas certificações que o mercado vem pedindo. Fato é que não podemos estagnar, pensando que somente a prática será suficiente.
Realmente não é essencial que todos façam pós e, brevemente, talvez não seja nem mesmo imprescindível estudar um curso na graduação. Mas, nesse momento, em que o mercado ainda está passando por grandes mudanças, o conhecimento teórico ainda é importante.
Dessa maneira, para compreender em que você pode se especializar ou pelo menos aprimorar, faça benchmarking, converse com pessoas que têm a mesma profissão que a sua, veja o que as empresas têm solicitado dos seus candidatos, participe de grupos e interaja, assim você vai poder entender onde investir melhor seu tempo e energia.
Sucesso!
_____________________
Luciane Vecchio
Psicóloga Clínica, Master Coach, Especialista em RH, Carreira, Liderança, Executive & Life Coaching, Colunista de Carreira & Comportamento
CRP: 06/74914