E-mail enviado por uma leitora:
“Tenho 59 anos e penso em trabalhar enquanto tiver saúde, gosto do meu trabalho, graças a Deus me livrei do regime CLT. Tenho muita disposição, mas tenho consciência que em um determinado momento vou precisar diminuir o ritmo. Os aspectos de saúde talvez sejam mais óbvios como cansaço, ou dores localizadas em alguma parte do corpo, mas e os sinais mais relacionados ao psiquismo e ao aspecto emocional... eles aparecem com o avanço da idade? Já li também que é preciso diminuir o ritmo a partir dos 70, isso é mito ou verdade? Qualquer tipo de orientação será muito bem-vinda. Muito obrigada.”
Com o passar do tempo, precisamos diminuir o ritmo?
Nunca se falou tanto sobre desacelerar, pois, com o ritmo de informações cada vez mais agitado, inteligência artificial e fácil acesso às mais variadas coisas, surge um movimento contrário que diz que devemos cuidar mais da saúde, em detrimento da velocidade no dia a dia.
Mas, será que é mesmo necessário diminuir o nosso ritmo, a performance, a forma com a qual estamos acostumados a lidar para nos adequar ao movimento do “estilo de vida slow”, como se tem chamado, ou ainda, podemos respeitar a nossa personalidade, forma de ser e vontades?
Entendo que optar por desacelerar ou não deve ser respeitado por cada indivíduo, pensando no seu corpo, bem-estar, saúde emocional e física.
Afinal, devemos fazer aquilo que o movimento pede ou seguir o que pensamos ser adequado de acordo com o que nos faz bem?
Ritmo de vida
Devemos parar para analisar o nosso ritmo de vida, verificando se ele está sendo prejudicial à saúde e, principalmente, encobrindo algum sofrimento emocional, como aquela pessoa que só trabalha para não pensar no quanto é sozinha, nos problemas ou em algo que faz mal caso ela entre em contato com esse sentimento.
Acredito que mais importante seja pensarmos sobre quem somos e qual é o investimento que queremos fazer, ou seja, qual é a prioridade.
Sendo assim, qual é o ritmo que você tem vivenciado nos últimos tempos, já que ainda tem 59 anos?
A vida não é uma lista de afazeres sem fim e é necessário refletir sobre o seu propósito de vida e necessidades. A quem está agradando, a si mesma ou aos outros? O seu ritmo incomoda a você ou aos demais?
Quando é hora de desacelerar?
O momento de desacelerar é quando estamos prejudicando a nossa qualidade de vida, sono e bem-estar; sendo assim, segue uma lista para que reflita se tem vivido esses sintomas:
- Alterações no sono, alimentação e humor;
- Cansaço que não passa com uma boa noite de sono;
- Pensamento acelerado;
- Desatenção e esquecimentos frequentes;
- Tensão muscular que não se esvai com massagem ou atividade física, por exemplo;
- Desinteresse por aquilo que antes gerava prazer;
- Distanciamento familiar e social;
- Demais problemas de saúde, seja física ou emocional.
Esses sintomas, isolados ou em conjunto, indicam que você está se sobrecarregando e precisa tirar uma longa pausa ou ainda desacelerar pelos próximos anos. O problema é que até mesmo os jovens ignoram os sinais do seu corpo, descuidando do presente pensando apenas na produtividade e no sucesso a qualquer preço.
Talvez devamos começar a pensar em atender ao nosso ritmo, sem pensar tanto no que o vizinho tem feito. Muita verdade é que a maturidade nos mostra que 4 horas bem trabalhadas, valem muito mais do que 12 regadas à cafeína e poucas horas de sono, na falsa ilusão da produtividade,
O trabalho é uma das coisas mais importantes, o aprendizado é necessário e nossos ganhos financeiros também, porém será que a vale a perder a saúde para conquistar tudo o que dizem que devemos conquistar?
Entendemos a partir disso que é mais do que essencial ficarmos atentos aos sinais e desacelerarmos, caso entendamos que estamos passando do ritmo ou ainda que a antiga rotina já não nos faz bem.
As emoções mudam com o passar do tempo?
Com o passar da idade, vem uma série de limitações, além de perdas, como de familiares e amigos, o que pode ser agravado com a aposentadoria e sensação de inutilidade. Saber lidar com resiliência com cada situação evita que se adoeça, seja física ou emocionalmente.
Nesse estado, ao invés de se relacionar, muitos tendem ao isolamento, se recusando a cuidar da saúde. Dessa forma, sendo o seu início gerado por um problema físico ou mental, de alguma forma, isso repercutirá no estado geral, desestabilizando a pessoa, que acaba tendo a sua produção hormonal desregulada.
Desenvolver o equilíbrio emocional, melhora a qualidade de vida, gerando a capacidade de tomar decisões, sejam diminuir o ritmo ou ainda mudar algo que precisa ser alterado na rotina, é o que vai valer a pena, no fim das contas.
É importante entender se essa fase da vida está atendendo ao seu propósito e se o acúmulo de atividades está sendo um peso.
Sendo assim, repensar e redesenhar metas para se adequar ao tempo e ritmo é uma forma de refletir seriamente sobre em quais coisas, pessoas e situações a energia vital está sendo gasta, afinal, um cérebro em movimento tem muito mais chance de se manter saudável.
Sofrer pelas limitações do envelhecimento só fará com que a pessoa se sinta em um beco sem saída, trazendo desequilíbrio emocional, contribuindo para uma desestabilização cognitiva.
Portanto, cabe a cada um avaliar como acredita que o seu ritmo atual está influenciando positivamente ou não em seu bem-estar geral e não sobre caso seja necessário realizar mudanças, sejam essas mais ou menos radicais.
Conviver bem com o envelhecimento é a chave!
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Luciane Vecchio
Psicóloga Clínica | Dra. Carreira e Propósito - Instagram @dravecchio | Especialista em Carreira, RH, Liderança e Empreendedorismo | Colunista de Carreira & Comportamento | CRP: 06/74914
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